5 Lendas urbanas de Porto Alegre ATERRORIZANTES

A capital do Rio Grande do Sul é uma cidade rica em história e cultura, e como em muitas outras cidades ao redor do mundo, tem as famosas lendas urbanas de Porto Alegre. Essas histórias fascinantes e misteriosas envolvem locais icônicos da cidade e personagens fictícios ou reais que ganharam uma aura lendária ao longo dos anos.

Das construções históricas aos cantos mais sombrios da cidade, as lendas urbanas de Porto Alegre despertam a curiosidade e a imaginação dos moradores e visitantes. Elas trazem consigo uma mistura intrigante de fatos históricos, mitos e crenças populares, criando narrativas que resistem ao teste do tempo.

Neste post, exploraremos algumas dessas lendas, mergulhando nas histórias que cercam o Museu Júlio de Castilhos, a Prisioneira do Castelinho e a Igreja Nossa Senhora das Dores. Prepare-se para embarcar em uma jornada pelo mundo misterioso das lendas urbanas de Porto Alegre.

Fundação de Porto Alegre – 251 anos de história.

1. Lenda Urbana da Rua dos Arvoredos

José Ramos e Catarina Paulsen
José Ramos e Catarina Paulsen – Imagem: Domínio Público

A lenda urbana da Rua dos Arvoredos, localizada no Centro Histórico de Porto Alegre, remete a uma série de crimes sinistros ocorridos por volta de 1864. Segundo a história, três pessoas estavam envolvidas nesses terríveis atos: José Ramos, sua esposa húngara, Catarina Palsen, e o açougueiro alemão Carlos Klaussner.

Acredita-se que eles atraíam suas vítimas para o açougue e, posteriormente, desfaziam-se de partes dos corpos, utilizando-os para produzir linguiças feitas de carne humana, que eram vendidas no comércio local. Essa narrativa macabra acabou se transformando em uma lenda urbana que perdura até os dias de hoje na cidade.

Os crimes na Rua dos Arvoredos ocorreram ao longo de 1863 e 1864. De acordo com relatos, José Ramos e Catarina Palsen se conheceram em locais frequentados pela elite local, onde selecionavam possíveis vítimas. Preferencialmente, escolhiam imigrantes alemães, uma vez que Catarina não dominava o idioma português.

Após selecionarem suas vítimas, Catarina as seduzia e as encontrava no Beco da Ópera (atual Rua Uruguai), levando-as posteriormente para a casa do casal. Lá, as vítimas eram roubadas, degoladas, esquartejadas e descarnadas. A carne resultante desses atos bárbaros era transformada em linguiças, que eram vendidas no açougue de Carlos Claussner.

Segundo depoimentos da época, Claussner teria sugerido a Ramos a fabricação de linguiças com a carne dos assassinados como uma maneira de encobrir qualquer evidência dos crimes. Quanto aos ossos, acredita-se que eram dissolvidos em ácido ou incinerados no açougue. Embora o número exato de vítimas permaneça um mistério, há evidências de que pelo menos seis pessoas tenham sido vítimas do casal.

2. Lenda urbana da Maria Degolada

Maria Degolada Porto Alegre
Imagem: Alderico Luchini

A lenda urbana da Maria Degolada, oriunda do Morro da Conceição em Porto Alegre, remonta ao final do século XIX. Maria Francelina Trenes, uma jovem que namorava um soldado da Brigada Militar, foi vítima de um crime brutal.

Durante uma confraternização com amigos, seu companheiro teve um acesso de ciúmes e a degolou. Maria perdeu a vida próximo a uma figueira, no topo de um morro. Acredita-se que, após sua morte, ela tenha se tornado uma santa e passou a auxiliar os necessitados, especialmente as mulheres.

Aos 21 anos de idade, Maria Francelina Trenes foi cruelmente degolada aos pés de uma figueira em 12 de novembro de 1899 por seu companheiro, um policial militar. O soldado alegou ter cometido o assassinato após ser agredido, mas foi condenado pelo crime – que nos dias atuais seria considerado feminicídio – e faleceu na prisão.

Anos depois, uma gruta foi construída no local do crime e a vítima se tornou uma santa popular. Devotos começaram a depositar flores e a colocar placas em agradecimento às graças alcançadas após fazerem pedidos à jovem.

A lenda urbana da Maria Degolada se relaciona com a triste realidade do feminicídio no Brasil. Maria Francelina Trenes, conhecida como Maria Degolada, era uma jovem de origem alemã que foi assassinada de maneira brutal aos 21 anos.

O crime aconteceu durante um piquenique com amigos no Morro do Hospício, em frente ao Hospital São Pedro, o primeiro centro psiquiátrico de Porto Alegre. No período em que ocorreu o assassinato, Maria era estigmatizada por algumas pessoas como uma prostituta ou uma mulher leviana.

No entanto, a violência do crime chocou a população e levou à construção de uma capela chamada Nossa Senhora da Conceição no local. Com o tempo, Maria passou a ser venerada como santa pelos moradores, e o morro onde ocorreu o trágico evento ficou conhecido como Morro da Maria Degolada. A Vila Maria Conceição também se desenvolveu nessa região.

3. Lenda urbana do Museu Júlio de Castilhos

Lenda urbana do Museu Júlio de Castilhos
Imagem: Ricardo André Frantz / Wikipédia

A lenda do Museu Júlio de Castilhos, localizado no centro de Porto Alegre, é envolta por histórias de mortes trágicas que ocorreram no casarão no início do século XX, o que conferiu ao local uma reputação de mal-assombrado.

Na época, o governador do Estado, Júlio de Castilhos, mudou-se para o casarão junto com sua esposa, Honorina, e seus filhos. Em 1903, o político faleceu em casa durante uma cirurgia para remover um câncer na garganta. Três anos depois, sua esposa, inconsolável com a morte do marido, cometeu suicídio no mesmo local.

O museu foi o primeiro do Estado do Rio Grande do Sul e o quinto mais antigo do Brasil. Como era comum naquela época, seu acervo abrangia artefatos indígenas, peças históricas, obras de arte e coleções de zoologia, botânica e mineralogia. O objetivo era reunir um “gabinete de curiosidades” que abarcasse diversas áreas do conhecimento. Inicialmente, o museu ocupava dois pavilhões no Parque da Redenção, construídos para a primeira Exposição Agropecuária e Industrial do Rio Grande do Sul, realizada em 1901.

Durante esse período, o governo estadual manifestou interesse em recolher peças representativas das comunidades locais que haviam sido expostas naquela exposição. Assim, diversas peças doadas pelas autoridades municipais e a Coleção Barbedo, adquirida em 1905, foram incorporadas ao acervo do museu.

Com seu perfil eclético, o museu recebeu em 1925 documentos históricos do Arquivo Público relacionados à história política, administrativa, eclesiástica e militar da antiga Capitania de São Pedro.

Atualmente, o Museu Júlio de Castilhos ocupa dois prédios na Rua Duque de Caxias, no Centro de Porto Alegre, próximos ao Palácio Piratini e à Praça da Matriz. O prédio número 1231, construído em 1887 pelo Coronel Engenheiro Augusto Santos Roxo, apresenta uma linguagem historicista com elementos neoclássicos e fachada revestida em pedra grês lavrada.

Em 1898, o prédio foi adquirido pela Comissão Executiva do Partido Republicano Rio-Grandense e doado ao Dr. Júlio Prates de Castilhos, que residia lá com sua esposa, Honorina, e seus seis filhos até sua morte em 1903. Em 1905, o governo estadual comprou a residência dos herdeiros para instalar o Museu do Estado.

A fama de assombrado do Museu Júlio de Castilhos perdura desde a década de 70, quando as visitas ao local se intensificaram. Até os dias atuais, relatos de populares e funcionários testemunham aparições de fantasmas circulando pelo palacete número 1231. Um dos casos mais conhecidos envolve um vigilante noturno que, após passar uma noite no museu, pediu demissão apavorado com a presença indesejável que experienciou.

O gabinete e o quarto de Júlio de Castilhos fazem parte do acervo exibido pelo museu, e foi exatamente nesse quarto que o político faleceu em 1903. Submetido a uma cirurgia em sua própria cama para remover um tumor na traqueia, ele não sobreviveu ao procedimento.

Sua esposa, Honorina, também encontrou a morte na residência em 1905. Inconsolável com a perda do marido, ela se suicidou em um dos cômodos da casa. Segundo o imaginário popular, o palacete continua assombrado até os dias de hoje pelo casal.

Os relatos de aparições e eventos inexplicáveis alimentaram a lenda do Museu Júlio de Castilhos como um local mal-assombrado. As histórias de tragédias pessoais, mortes e a aura de mistério que envolvem o casarão contribuem para a atmosfera sobrenatural associada ao museu.

Muitos visitantes e funcionários afirmam ter sentido presenças estranhas, ouvido vozes sussurrantes e até mesmo presenciado aparições espectrais.

A lenda do Museu Júlio de Castilhos continua atraindo curiosos e entusiastas de fenômenos paranormais, tornando-se um ponto de interesse para aqueles que buscam experiências sobrenaturais. Seja resultado de histórias inventadas ou de eventos inexplicáveis, o fato é que o casarão carrega consigo uma atmosfera enigmática que intriga e assombra aqueles que se aventuram a visitá-lo.

Assim, o Museu Júlio de Castilhos se tornou não apenas um espaço dedicado à preservação histórica, mas também um local onde lendas e mistérios se entrelaçam, convidando os corajosos a desvendarem seus segredos ocultos.

4. Lenda urbana da prisioneira do castelinho

Castelinho do Alto da bronze lendas urbanas de porto alegre
Imagem: Google

A lenda urbana da Prisioneira do Castelinho, localizado no Alto da Bronze, traz à vida uma história que se assemelha à famosa conto de fadas “Rapunzel”. Nos finais dos anos 40, um homem se apaixonou por uma mulher 22 anos mais jovem que ele. Construiu um castelo em estilo medieval para ela, e juntos foram morar lá. No entanto, esse conto de amor se transformou em uma história de aprisionamento e controle.

O homem, extremamente ciumento, utilizava diversos argumentos e artifícios para manter a mulher enclausurada ou sob vigilância constante. Essa teria sido uma história de amor encantadora, se não fosse pelo fato de que ele a manteve prisioneira durante quatro longos anos.

Essa lenda urbana também se relaciona com a figura do político Carlos Eurico Gomes, que, em 1940, se apaixonou perdidamente por Nilza Linck, uma jovem de 18 anos. Ele decidiu mantê-la enclausurada no Castelinho do Alto da Bronze, curiosamente localizado na mesma rua da lenda do Açougue Canibal, no cruzamento da Rua Fernando Machado com a Rua General Vasco Alves. Durante quatro anos, Carlos e Nilza viveram juntos no castelinho.

Segundo a lenda, Carlos Eurico era extremamente ciumento, e Nilza era mantida no terceiro andar do castelo, impedida de descer ou se aproximar das janelas. Após alguns anos, ela teria conseguido fugir do castelo após ser ameaçada de morte.

É importante ressaltar que essa história não se enquadra no típico formato de uma lenda urbana, pois não envolve mortes, assombrações ou maldições. No entanto, essa narrativa sobre um relacionamento abusivo e uma construção medieval no estilo gótico tem sido perpetuada nas lendas de Porto Alegre.

Aos 86 anos de idade, Nilza retornou ao castelo na companhia de uma equipe do jornal Zero Hora, reavivando as memórias e a curiosidade em torno dessa história intrigante. Embora não tenha os elementos sobrenaturais comuns em lendas urbanas, a lenda da Prisioneira do Castelinho permanece como uma lembrança marcante da cidade, reforçando a importância de combater relacionamentos abusivos e proteger a liberdade e a dignidade das pessoas.

5. Lenda urbana da Igreja Nossa Senhora das Dores

Lenda urbana da Igreja Nossa Senhora das Dores
Imagem: Wikimedia

A lenda urbana da Igreja Nossa Senhora das Dores, localizada na Rua dos Andradas, no Centro Histórico de Porto Alegre, envolve a construção desse monumento por escravos em 1813. De forma irônica, a igreja foi erguida em frente ao antigo Largo da Forca, local onde ocorriam execuções de pessoas condenadas à morte.

Esses elementos históricos dão origem à lenda de um escravo injustiçado, que teria lançado uma maldição sobre a igreja, determinando que ela jamais seria concluída. Essa história persiste até os dias atuais, mesmo que não haja comprovação factual.

Acredita-se que um escravo chamado Josino, em 1833, foi condenado à morte no local onde a igreja estava sendo construída. Segundo a lenda, ele teria sido acusado de roubar a tiara de Nossa Senhora, mas jurou inocência.

Antes de ser enforcado, Josino rogou uma maldição, declarando que nenhum de seus acusadores veria a igreja pronta. Curiosamente, a construção da igreja demorou mais de 100 anos para ser concluída, e essa demora constante nas reformas e obras é vista como uma confirmação da maldição.

A comunidade que está envolvida com a igreja ainda sente a presença dessa praga até hoje. Quando alguma obra atrasa, seja no salão paroquial ou na residência do padre, é comum ouvir comentários de que o espírito do escravo Josino está rondando o local.

Lucas Volpatto, funcionário da igreja, relata: “Até hoje a comunidade envolvida com a igreja sente a presença dessa praga. Quando uma obra atrasa aqui, seja no salão paroquial ou na casa do padre, todo mundo fala que o negro Josino anda por aí.”

Embora seja uma lenda sem provas concretas, a história da maldição da Igreja Nossa Senhora das Dores persiste no imaginário popular, transmitida de geração em geração. Ela serve como uma lembrança das origens históricas da igreja, bem como um alerta sobre o poder simbólico das maldições e a importância de respeitar e preservar a memória e os direitos daqueles que foram marginalizados ao longo da história.

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Priscilla Kinast

Priscilla Kinast

Priscilla Kinast é redatora de web sites há cerca de 8 anos, tendo ao todo 15 anos de experiência com produção de conteúdo para a internet. Graduada em Administração de Empresas (Faculdade Dom Bosco de Porto Alegre), encontrou sua verdadeira paixão na administração de websites.

Devido sua experiência com redação de conteúdo, obteve registro profissional como jornalista pelo Ministério do Trabalho (Registro Profissional: 0020361/RS).

É porto-alegrense raiz, nascida e criada na zona norte da cidade, mas muito apaixonada pela zona sul e pela orla do Guaíba. Ama a cidade e está sempre em busca de trazer mais informações que possam ajudar seus conterrâneos a curtirem mais o que Porto Alegre tem para oferecer!

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