Um grave caso de intoxicação alimentar abalou a cidade de Torres, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Três pessoas perderam a vida e outras três foram hospitalizadas após consumirem um bolo contaminado com arsênio. O episódio gerou grande preocupação na região, levando autoridades a investigarem a origem do veneno.
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O que é arsênio e por que é perigoso?
O arsênio (As) é um elemento químico de número 33 na tabela periódica, classificado como um semimetal. Esse elemento é altamente tóxico e é comumente liberado como subproduto durante o processamento de minérios de cobre, chumbo, ouro, zinco, entre outros. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o arsênio está entre as 10 substâncias que representam maior risco à saúde pública global.
A exposição ao arsênio pode resultar em intoxicação alimentar, reações alérgicas, câncer e, em casos extremos, até a morte. Por isso, incidentes como o ocorrido em Torres são tratados com seriedade pelas autoridades de saúde.
Como o arsênio pode contaminar alimentos?
O arsênio pode existir na forma de compostos orgânicos (geralmente encontrados em frutos do mar) ou inorgânicos (mais tóxicos, presentes em pesticidas e na água contaminada). Os compostos inorgânicos são particularmente perigosos, pois podem se acumular em plantações irrigadas com água contaminada, além de estarem presentes em alguns tipos de agrotóxicos.
Segundo o professor de Toxicologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), André Valle de Bairros, o consumo de apenas 100 miligramas de arsênio pode ser letal. “O arsênio geralmente se apresenta em forma de pó, sem cheiro ou gosto, o que dificulta sua detecção”, explica o especialista.
Quais são as principais fontes de exposição ao arsênio?
A exposição ao arsênio inorgânico pode ocorrer de diversas formas, entre elas:
- Consumo de água contaminada;
- Alimentos preparados com água contendo altos níveis do elemento;
- Plantações irrigadas com água com elevado teor de arsênio.
Além disso, o arsênio já foi utilizado como raticida e ainda é empregado em tratamentos oncológicos, como o medicamento Trisenox, indicado para leucemia promielocítica aguda.
Prevenção e cuidados
Para evitar casos de intoxicação por arsênio, é essencial:
- Monitorar a qualidade da água consumida e utilizada na agricultura;
- Reduzir o uso de agrotóxicos que contenham compostos de arsênio;
- Realizar exames toxicológicos regulares em regiões de mineração e plantações.
A investigação em Torres continua, e a população aguarda respostas sobre a origem da contaminação do bolo. Casos como esse reforçam a necessidade de controle rigoroso na produção e manipulação de alimentos.
O incidente em Torres alerta para os perigos do arsênio na alimentação e destaca a importância de regulações mais estritas na cadeia de produção de alimentos. A conscientização da população e a fiscalização são fundamentais para evitar tragédias semelhantes no futuro.
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