Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente da República e figura central em recentes investigações sobre uma tentativa de golpe de Estado, está organizando uma visita ao município de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. A articulação foi anunciada pelo prefeito eleito Heliomar Franco (PL), após um encontro com Bolsonaro em Brasília. No entanto, a iniciativa levanta questionamentos sobre a postura de lideranças locais que escolhem se alinhar a um político envolvido em acusações tão graves.
Uma visita em busca de apoio político
Heliomar Franco, recém-eleito em São Leopoldo, destacou que o encontro com Bolsonaro teve como objetivo fortalecer o Partido Liberal (PL) na região. Durante a reunião, o ex-presidente pediu empenho do prefeito para o crescimento do partido e indicou planos de visitar o município em breve. Acompanhado do deputado federal Luciano Zucco (PL-RS), Heliomar afirmou estar “planejando uma nova ida do ex-presidente Bolsonaro ao nosso município”.
Apesar do discurso de integração partidária e busca por recursos, a escolha de Heliomar em associar-se a Bolsonaro é no mínimo controversa. O ex-presidente está no centro de uma das mais graves acusações da história recente do Brasil: liderar uma organização criminosa para tentar reverter o resultado das eleições presidenciais de 2022.
O peso das acusações e o silêncio cúmplice
Nesta semana, a Polícia Federal revelou um relatório que aponta Bolsonaro como mentor de um plano golpista. Segundo a PF, o ex-presidente não apenas sabia do plano, mas também teria participado ativamente, elaborando um decreto que previa a decretação de Estado de Defesa para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. O documento aponta, ainda, que Bolsonaro tentou mobilizar apoio das Forças Armadas para legitimar suas intenções, mas enfrentou resistência de comandantes da Aeronáutica e do Exército.
Diante de tais revelações, o convite de Heliomar Franco para trazer Bolsonaro ao Rio Grande do Sul sugere, no mínimo, uma falta de discernimento político. É um movimento que coloca o prefeito eleito ao lado de um líder que, segundo as investigações, buscou ativamente destruir o Estado Democrático de Direito no Brasil.
Estratégia ou afronta?
A visita de Bolsonaro ao Rio Grande do Sul, se concretizada, será muito mais do que uma simples agenda política. Representará uma tentativa de reafirmação de sua influência regional, mesmo em um momento em que a sua imagem está profundamente abalada.
Enquanto a base de apoiadores mais fiéis de Bolsonaro deve marcar presença em São Leopoldo, o evento também corre o risco de se transformar em um palco de tensões, com protestos de opositores e grupos que defendem a apuração rigorosa das denúncias contra o ex-presidente.
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