É FAKE que a Patrulha Aérea Civil resgatou “muitos corpos” em Canoas

O sargento Marcos Felipe de Araújo, da Patrulha Aérea Civil de Minas Gerais, entrou em contato conosco e desmentiu a suposta situação.

Se já não bastasse toda a tragédia que assola o Rio Grande do Sul, outro perigo se espalha pelo estado: as fake news. Infelizmente, muitas pessoas aproveitam este momento para inventar mentiras. Essa atitude agrava ainda mais a situação (já bastante crítica), devido à desinformação que é disseminada. Inclusive, a Patrulha Aérea Civil (PAC) de Minas Gerais, que veio ao nosso estado para prestar auxílio, foi alvo de fake news. A seguir, entenda o ocorrido.

Fake news sobre Canoas

Não é novidade que há semanas circulam rumores sobre a existência de “centenas de corpos em Canoas”. De acordo com esses boatos, a cidade estaria cheia de corpos boiando, ou que supostamente emergiriam quando as águas baixassem. Entretanto, não existem dados concretos (e reais) que comprovem isso.

De acordo com a Defesa Civil do Rio Grande do Sul, 45 pessoas seguem desaparecidas. Portanto, não há como existir “centenas de corpos” na água. Se houvesse, a Defesa Civil teria registro de um número muito maior de desaparecidos. Ou seja, a matemática não fecha. Essa fake news tem aumentado ainda mais o sofrimento dos gaúchos, alarmados com essa possibilidade.

Nesse contexto, a Patrulha Aérea Civil de Minas Gerais, em especial o sargento Marcos Felipe de Araújo, também foi vítima de fake news. Foi divulgado em um jornal da região metropolitana, e infelizmente nós do Curtindo POA reproduzimos, uma suposta fala do sargento. Nela, Araújo teria dito que “Há muitos corpos para emergir dessa água em Canoas. Por enquanto, estamos fazendo uma avaliação inicial. Estamos passando pelas áreas inundadas e observando o que pode ser feito”.

PORÉM, É IMPORTANTE DEIXAR CLARO QUE ESSA FALA NÃO É VERÍDICA. OU SEJA, ELA NÃO FOI DITA PELO SARGENTO DA PAC DE MINAS GERAIS.

Diante disso, nós, do Curtindo POA, pedimos nossas mais sinceras desculpas por termos, sem querer, divulgado uma desinformação.

Sargento Araújo esclarece os fatos

Ao tomar conhecimento dos fatos, gentilmente, o Sargento Araújo entrou em contato conosco, e esclareceu a situação:

“Nós viemos com a intenção de atuar na segunda fase. Mas em nenhum momento, citei que haviam muitos corpos em Canoas, e que a tonalidade de água denunciava isso. Eu não sei o que aconteceu para a notícia sair dessa maneira. O nosso trabalho, ele é, sim, na segunda fase. Ou seja, atuamos em atendimentos clínicos, e se necessário, realizamos resgates, já que nossa equipe é especializada em busca, resgate e salvamento. Nosso treinamento é específico para esse tipo de situação (catástrofe), como a de Brumadinho, e como as enchentes da cidade de Sabará.”

Sargento da PAC-MG, Marcos Felipe de Araújo.

Após esclarecer a situação, o sargento deu mais detalhes sobre a atuação de sua equipe no Rio Grande do Sul. De acordo com Araújo, a equipe conta com 20 profissionais, entre médicos, psicólogos, e técnicos de enfermagem.

  • patrulha-aerea-civil
  • patrulha-aerea-civil
  • patrulha-aerea-civil
  • patrulha-aerea-civil

“A equipe chegou no dia 22, desembarcou em Canoas, e começou a atuar nessa cidade. Porém, no terceiro dia, a equipe percebeu a necessidade que a cidade de Cachoeirinha tinha de atendimentos de segunda fase, e passou a atuar nessa. Depois de cinco dias de operação, a equipe se dirigiu para a cidade de Porto Alegre, e passou a atuar no bairro Sarandi desde a última quarta-feira (29).

Nossa equipe permanece no Rio Grande do Sul até o dia 31, mas estamos verificando a necessidade de retorno ao estado no mês seguinte.

Sargento da PAC-MG, Marcos Felipe de Araújo.

PAC-MG se encontra no bairro Sarandi

Por fim, o sargento fez uma descrição sobre a sua atuação no bairro Sarandi em Porto Alegre. Além de prestar atendimentos médicos, a equipe também disponibiliza alguns medicamentos e faz a renovação de receitas médicas. Confira abaixo, o relato de Araújo:

O posto de campanha [do bairro Sarandi] fica na rua Oliveira Lopes, nº 137. Aqui a população consegue fazer a renovação de receita, passar por consultas médicas e psicológicas, e também é possível retirar alguns medicamentos que temos disponíveis. Além disso, a nossa equipe está responsável por acompanhar os médicos que estão indo para a rua onde tem diversas famílias que estão sem local para morar (muitas estão a beira da rodovia BR-116, na ilha das Flores). Então nossa equipe vai todos os dias para lá, acompanhando esses médicos que estão a frente dessa missão.”

Aqui no posto de campanha [do bairro Sarandi] sempre fica um patrulheiro auxiliando, tanto na questão de segurança do local, quanto na orientação dos pacientes, e no caso de alguma emergência. Os demais integrantes da equipe estão na rua fazendo atendimentos 100% humanizados, preocupados com a população.

Sargento da PAC-MG, Marcos Felipe de Araújo.

Como surgiu a Patrulha Aérea Civíl?

A Patrulha Aérea Civil foi criada no Brasil em 16 de abril de 1959, autorizada pelo Ministro da Aeronáutica, Francisco de Assis Correia de Melo, e fundada pelos Oficiais da Aeronáutica, Major Brigadeiro do Ar Alfredo Gonçalves Correia, e Coronel Aviador Antônio da Costa Faria, no Rio de Janeiro.

A ideia surgiu após Oficiais da Força Aérea Brasileira visitarem a Civil Air Patrol nos Estados Unidos e perceberem a utilidade de uma organização semelhante no Brasil para Busca, Resgate e Salvamento. A criação da Patrulha Aérea Civil foi apoiada por políticos, militares, e jornalistas, consolidando-se como uma importante força auxiliar.

A Patrulha Aérea Civil é uma Força Auxiliar de Busca, Resgate e Salvamento presente em vários países, originada nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. Além de seu papel em resgates, ela atua no controle ambiental, fiscalização de aeroclubes, e na segurança e administração de aeroportos e museus aeroespaciais.

Gostou da matéria? Siga a gente no FacebookInstagram e Twitter, e fique por dentro das notícias de porto Alegre.

Magdalena Schneider

Magdalena Schneider

Bacharel em Psicologia pela Faculdade IENH; especialista em Saúde Mental e Atenção Psicossocial pela Universidade Estácio de Sá.
Natural de Dois Irmãos / RS, sempre quis morar em Porto Alegre, e em 2020 realizou esse desejo. Há três anos vem desbravando a capital gaúcha e compartilhando aqui suas experiências.

Artigos: 1257

Descubra mais sobre Curtindo Porto Alegre

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading