A recente fase da Operação Leite Batizado trouxe à tona mais um escândalo envolvendo a adulteração de leite no Rio Grande do Sul. A investigação revelou práticas criminosas em uma empresa de laticínios localizada em Taquara, no Vale do Paranhana, onde foram detectadas graves adulterações em produtos lácteos. Mas o que realmente aconteceu e quais marcas estão envolvidas?
Entenda o caso
Na manhã do dia 11, cinco pessoas foram presas durante a operação coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Entre os detidos estão o químico industrial apelidado de “alquimista”, conhecido por sua expertise em adulterações, e gestores da Dielat Indústria e Comércio de Laticínios. A empresa é responsável pela produção de diversas marcas, como Mega Milk, Cootall, Mega Lac, Tentação e Tigo, sendo esta última exportada para a Venezuela.
O químico, que já havia sido preso em 2014 por práticas similares, estava proibido pela Justiça de atuar no setor, mas continuava suas atividades ilícitas. Segundo os promotores de Justiça, ele aprimorou suas fórmulas criminosas, dificultando a detecção das irregularidades pelos órgãos de fiscalização.
Como o leite era adulterado?
A investigação apontou que a soda cáustica era usada para ajustar o pH do leite batizado, enquanto a água oxigenada servia para mascarar produtos em deterioração. Além disso, foi constatado o reprocessamento de produtos vencidos e até mesmo a presença de sujeira e “pelos indefinidos” em embalagens. Essas práticas colocam em risco a saúde pública e violam diretamente a confiança do consumidor.
Os produtos adulterados, como leite UHT, leite em pó, compostos lácteos e soro de leite, eram distribuídos em larga escala, abrangendo tanto o mercado nacional quanto internacional. A empresa também havia vencido licitações para fornecer laticínios a escolas, incluindo uma cidade em São Paulo.
Marcas envolvidas no escândalo do leite batizado
A operação confirmou que as marcas de leite batizado Mega Milk, Cootall, Mega Lac, Tentação e Tigo estão vinculadas à empresa investigada. Embora os promotores tenham identificado irregularidades, análises ainda estão em andamento para determinar os lotes contaminados. Por isso, o Ministério Público optou por não divulgar detalhes específicos sobre os produtos adulterados até que os resultados sejam concluídos.
Impacto na saúde pública
A adulteração de alimentos é uma prática que vai além de prejudicar o consumidor financeiramente — ela representa um sério risco à saúde. A ingestão de soda cáustica e água oxigenada pode causar problemas gastrointestinais graves, lesões na mucosa e outros danos à saúde.
O promotor Mauro Rockenbach destacou a gravidade da situação: “Essa adulteração não apenas viola a confiança do consumidor, mas compromete diretamente a saúde pública. Estamos lidando com um caso de reincidência e práticas cada vez mais sofisticadas.”
Próximos passos da investigação
A operação que descobriu o leite batizado contou com o apoio de 110 agentes, incluindo representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária, Receita Estadual, Fepam e Polícia Civil. Foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão em diferentes cidades do Rio Grande do Sul e em São Paulo. As autoridades seguem realizando exames detalhados nos produtos suspeitos.
Além disso, a Justiça segue investigando o papel dos gestores da Dielat e a conexão do “alquimista” com outros casos de leite batizado. O objetivo é garantir um desfecho rigoroso e prevenir que novas fraudes ocorram no setor.
Como se proteger?
Consumidores devem ficar atentos às marcas mencionadas e evitar a compra de produtos até que as investigações sejam concluídas. Além disso, sempre verifique a procedência e os selos de qualidade nos rótulos dos alimentos. Em caso de dúvidas, procure informações junto aos órgãos competentes, como Procon e Vigilância Sanitária.
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